visitante nº

quarta-feira, 27 de maio de 2009

PRESIDENTE LULA VAI EMPRESTAR DINHEIRO DO BNDES (DO POVO) PARA OBRAS NO BOLIVIAI E PARAGUAI, ENQUANTO O O BRASILEIRO MORRE DE FOME OU AFOGADO

imprimir

enviar por e-mail
comentar ver comentários matéria-prima

27/05/09 - 00:00 > COMÉRCIO EXTERIOR
Chávez quer mais empréstimos do BNDES


Karina Nappi
SALVADORSÃO PAULO - Durante o Encontro de Cúpula Brasil-Venezuela, que faz parte da série de reuniões trimestrais entre os dois líderes, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez discutiram a participação da Venezuela no Mercosul, mas principalmente trataram de negócios. Na pauta, a construção de uma refinaria binacional em Pernambuco e a ampliação de linhas de financiamento do BNDES à Venezuela.

Os dois presidentes assinaram um termo de apoio da Caixa Econômica Federal (CEF) para criar uma rede bancária pública e um sistema de financiamento de casas populares na Venezuela, a assinatura de uma carta de intenção com o governo baiano, com o objetivo de dividir experiências em diversas áreas de administração pública e a assinatura de uma carta de intenção com a finalidade de trabalhar em conjunto em setores de interesse comum.

Os preparativos para a entrada da Venezuela no Mercosul estão nas mãos do Senado brasileiro, que pediu novas informações sobre o processo de adesão.

Os senadores querem detalhes sobre como a Venezuela pretende se adequar às regras do grupo antes de decidir se levam ou não o assunto a plenário. A expectativa é de que o presidente da Venezuela apresente, durante o encontro, uma proposta mais específica de adesão à Tarifa Externa Comum (TEC). Prazos e percentuais já foram definidos, mas produtos "de exceção" ainda não. "Existem diversos pontos que precisam ser esclarecidos. Há registros, por exemplo, de atraso no pagamento pelos produtos exportados para a Venezuela", diz o senador Eduardo Azeredo, presidente da Comissão de Relações Exteriores.

O presidente Lula aproveitou para comemorar que, durante o encontro com Chávez, foi fechado um acordo de adequação de tarifas entre os dois países, que é um dos itens que emperra a entrada da Venezuela no Mercosul.

"É um problema a menos. Espero agora que o Senado vote antes da próxima reunião de Caracas e possamos comemorar", disse o presidente.

Em carta enviada ao presidente do Senado, José Sarney, o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, manifesta-se contra o ingresso da Venezuela ao Mercosul.

Segundo Ledezma, os venezuelanos acreditam na necessidade de aprofundar relações privilegiadas com o Brasil e com o bloco, mas a partir de uma perspectiva democrática. "Seria um precedente muito grave admitir no Mercosul um presidente [Chávez] cujas ações demonstram uma escalada autoritária, que não crê nos princípios de mercado, de processo de integração, e que insulta o Senado brasileiro chamando seus integrantes de 'papagaios do Império Americano' por não se dobrarem ao seu propósito", diz a carta.

Refinaria

Os governos não chegaram a um acordo sobre a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. O governo venezuelano deveria entrar com 40% dos recursos para a obra, mas até agora só o governo brasileiro investiu na refinaria. Isto porque a Venezuela tem feito exigências, como o direito de comercialização no Brasil de petróleo importado da Venezuela. Mas as regras brasileiras determinam que somente a Petrobras, pode vender internamente.

O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, esclareceu que três pontos ainda dependem de mais discussões: custos de investimento, comercialização do produto e o preço do petróleo. Gabrielli pediu mais 90 dias para discutir essas questões. Chávez reclamou. "Lamentável não sermos capazes de fazer um acordo. Estou frustrado. A culpa é dos dois governos", afirmou.

Financiamentos

Afetado pela queda do preço do petróleo e pela perda do crédito internacional devido à crise econômica mundial, Chávez também deve discutir um maior acesso aos financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A proposta, que já vem sendo discutida pelos dois países, prevê financiamento a obras de infraestrutura realizadas por empresas brasileiras naquele país, com potencial de chegar, a princípio, em US$ 4 bilhões.

Uma fonte do governo venezuelano ouvida pela BBC Brasil, no entanto, afirmou que o valor da linha de crédito poderia girar entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões.

Com relação ao financiamento do BNDES, Luciano Coutinho, presidente da entidade informou que irá emprestar US$ 4,3 bilhões para os projetos na Venezuela. "Pretendemos estruturar as operações em 45 dias", ressaltou. .

Na prática, de acordo com fontes do Itamaraty, a Venezuela decidiu recorrer aos fundos do BNDES para financiar os grandes projetos de infraestrutura no país que estarão a cargo das grandes empreiteiras brasileiras.

"É um acordo que interessa a ambos", disse a fonte. "Para as empresas brasileiras, é a possibilidade de ter acesso a um mercado garantido e, para a Venezuela, a oportunidade de dar continuidade aos projetos de desenvolvimento e utilizar nossos recursos petroleiros em outros projetos nacionais", acrescentou.

Alguns projetos já foram prospectados pelo banco brasileiro, entre eles, a ampliação da rede de metrô em Caracas, no valor de US$ 730 milhões. No ano passado, o Brasil enfrentou problemas com o financiamento a uma hidrelétrica no Equador, que alegou deficiências tanto no contrato como na prestação do serviço, a cargo da empresa brasileira Odebrecht.

Apesar dos atritos diplomáticos, o governo equatoriano aceitou pagar a dívida, no valor de U$ 200 milhões. A avaliação do governo brasileiro é de que não há motivos para "presumir" que a Venezuela adotará esta postura.

Para o presidente, é importante ajudar a industrializar a Venezuela, para equilibrar a balança comercial entre os dois países já que o déficit hoje é de US$ 4,5 bilhões. "Eu quero a Queiroz Galvão, a Odebrecht produzindo lá. Porque senão o comércio do país vai deixar de ser dependente dos Estados Unidos e Espanha para ser do Brasil", disse. "Não adianta o Brasil crescer sozinho. Quanto mais poder aquisitivo na América Latina, as chances do nosso país crescer são muito maiores", comentou o presidente Lula.

Banco Estatal

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou que contará com a assessoria da CEF para a construção de uma rede bancária pública e na criação de um sistema de financiamento de casas populares na Venezuela.

"O projeto da Caixa é muito importante. Eles querem nos ajudar com sua experiência [no financiamento para] a construção de moradias e em um sistema de poupança popular", afirmou o presidente venezuelano.

"Vamos assinar este documento para estabelecer na Venezuela uma rede bancária pública e novos programas de moradia", acrescentou Chávez.

O déficit habitacional na Venezuela é de cerca de 2 milhões de casas. A rede bancária que pode ser utilizada para a implementação desse sistema é a do Banco da Venezuela, filial do grupo Santander, cuja reestatização foi acertada na semana passada.

Desde o ano passado, Chávez vinha afirmando que pretendia transformar o Banco da Venezuela em uma versão venezuelana da Caixa Econômica Federal.

Lula em discurso chegou a brincar que, no caso de um acordo entre a CEF e o governo venezuelano, a instituição deveria levar para lá só o lado bom da experiência e não a burocracia, amenizando, em seguida, que a burocracia já melhorou, no caso do programa habitacional "Minha Casa, Minha Vida".


Voltar
> Você tem mais informações sobre o tema? Envie seu artigo para Matéria-prima.

COMENTÁRIOS
Comente esta notícia. Aqui, o que vale é a sua visão do que acontece no país e no mundo.

Seu comentário será publicado após revisão da Redação do DCI Online. Textos com palavrões e/ou ofensas não serão publicados.

Clique aqui para comentar